quinta-feira, 6 de março de 2014

A essência de um perdedor

Costuma-se dizer que até para nascer é preciso sorte. Acredito piamente nisso. E acredito cada vez mais que a família onde nascemos influencia decisivamente o nosso destino. Não estou a ser melodramática, estou a ser sincera. Isto não é a terra das oportunidades onde nos cruzámos com self made men and women ao virar da esquina. A nossa família determina grande parte da nossa vida.
Eu, nesse aspecto, não tive sorte. Comecei o campeonato logo com 10 pontos de atraso. E tudo o que tenho feito nesta vida é lutar. Mas infelizmente, a maior parte das lutas acabam por ser inglórias, porque pouca gente compreende ou teve de passar por essas situações, que à partida estavam dadas como adquiridas. Nada na minha vida foi alguma vez dado como adquirido.
E após muita luta para terminar o curso e pensar que podia fazer do meu futuro aquilo que quisesse, eis que percebo que isto não é bem assim. A profissão com que sempre sonhei, essa, que me fez tirar a licenciatura que tenho hoje e não outra completamente diferente, está fora do meu alcance. Porquê? Porque depende de um concurso público, e desde que eu acabei a licenciatura, que não abriu uma única vaga para essa função. A admissão na carreira acaba bem cedo. The clock is ticking. Depois, tive um emprego que detestei. Saí desse, fui para o emprego que mais adorei até hoje. Boas condições, bons colegas, bons horários, boa progressão, bom ordenado. Não efectivei. A troika chegou e todas as efectividades levou. Vim para onde estou. Horários de merda, salário de merda, colegas assim assim, 0 amigos, área reconhecida pelo mercado, mas que na verdade eu não gosto. Todos os dias é uma luta para vir trabalhar. Todos.
E então eis que surge uma oportunidade numa área que, não sendo a minha área de sonho, é uma área que adoro e onde me vejo como peixe na água. Salário e horário interessante. Empresa conceituada. Entrevistas e entrevistas. Testes. Dinâmicas de grupo. Ao todo, 6 fases de recrutamento. Passei aos 3 finalistas. Esperei e desesperei. E a resposta veio ontem. Como sempre, foi a minha vez de perder. Tal como há uns anos atrás vi colegas serem efectivados 3 meses antes de mim, e quando chegou a minha vez, não fui. Tal como quando durante a minha licenciatura, abriu um concurso para a profissão que eu tanto queria, mas depois de eu terminar o curso nunca mais abriu.
Acho que tenho de aceitar que simplesmente não tenho sorte no campo profissional. A vida é mesmo assim. Há quem tenha sorte e quem não tenha. Eu não tenho.
E o que mais me custa é que investi imenso neste processo de recrutamento, pensei eu que seria o meu golden ticket para sair e afinal... Não.
Estou a ficar cansada de lutar. Estou a ficar cansada de ser sempre a minha vez de perder.

6 comentários:

CM disse...

Bomboca, a frustração é normal, infelizmente. Não tem sido, de facto, fácil. E quando achamos que é injusto, pior ainda! Mas desistir não...um dia, quem sabe, a sorte calha-te a ti :)

Morango Azul disse...

Calma mulher. Nunca desistas! Calma e força!

Portuguesinha disse...

Como compreendo e concordo. Mas quem nos meteu na cabeça que a luta não era constante e até o último fôlego contou-nos contos de fadas.

Lois Lane disse...

Também recebi esta semana uma resposta negativa de um processo de recrutamento que era mesmo importante para mim. Voltaram todos esses sentimentos de revolta e impotência, mas que não podemos deixar que nos envolvam. Ando com dias de grande azar, mas estou a tentar ser o mais optimista possível, porque acredito que pode fazer a diferença. Por muito que custe, temos de tentar pensar positivo. Um dia vai chegar a noss a vez e vamos conseguir!

S* disse...

Lamento muito... uma pessoa fica desmoralizada, eu sei...

GATA disse...

Tu queixas-te que não tens sorte no campo profissional... e quem não tem sorte em vários campos??? Se eu pesasse as perdas e os ganhos, ACREDITA que a balança pendia quase toda para o lado das perdas! E se pensasse como tu, eu à muito que tinha desistido de viver!

ÂNIMO!!! FORÇA!!!