Costuma-se dizer que até para nascer é preciso sorte. Acredito piamente nisso. E acredito cada vez mais que a família onde nascemos influencia decisivamente o nosso destino. Não estou a ser melodramática, estou a ser sincera. Isto não é a terra das oportunidades onde nos cruzámos com self made men and women ao virar da esquina. A nossa família determina grande parte da nossa vida.
Eu, nesse aspecto, não tive sorte. Comecei o campeonato logo com 10 pontos de atraso. E tudo o que tenho feito nesta vida é lutar. Mas infelizmente, a maior parte das lutas acabam por ser inglórias, porque pouca gente compreende ou teve de passar por essas situações, que à partida estavam dadas como adquiridas. Nada na minha vida foi alguma vez dado como adquirido.
E após muita luta para terminar o curso e pensar que podia fazer do meu futuro aquilo que quisesse, eis que percebo que isto não é bem assim. A profissão com que sempre sonhei, essa, que me fez tirar a licenciatura que tenho hoje e não outra completamente diferente, está fora do meu alcance. Porquê? Porque depende de um concurso público, e desde que eu acabei a licenciatura, que não abriu uma única vaga para essa função. A admissão na carreira acaba bem cedo. The clock is ticking. Depois, tive um emprego que detestei. Saí desse, fui para o emprego que mais adorei até hoje. Boas condições, bons colegas, bons horários, boa progressão, bom ordenado. Não efectivei. A troika chegou e todas as efectividades levou. Vim para onde estou. Horários de merda, salário de merda, colegas assim assim, 0 amigos, área reconhecida pelo mercado, mas que na verdade eu não gosto. Todos os dias é uma luta para vir trabalhar. Todos.
E então eis que surge uma oportunidade numa área que, não sendo a minha área de sonho, é uma área que adoro e onde me vejo como peixe na água. Salário e horário interessante. Empresa conceituada. Entrevistas e entrevistas. Testes. Dinâmicas de grupo. Ao todo, 6 fases de recrutamento. Passei aos 3 finalistas. Esperei e desesperei. E a resposta veio ontem. Como sempre, foi a minha vez de perder. Tal como há uns anos atrás vi colegas serem efectivados 3 meses antes de mim, e quando chegou a minha vez, não fui. Tal como quando durante a minha licenciatura, abriu um concurso para a profissão que eu tanto queria, mas depois de eu terminar o curso nunca mais abriu.
Acho que tenho de aceitar que simplesmente não tenho sorte no campo profissional. A vida é mesmo assim. Há quem tenha sorte e quem não tenha. Eu não tenho.
E o que mais me custa é que investi imenso neste processo de recrutamento, pensei eu que seria o meu golden ticket para sair e afinal... Não.
Estou a ficar cansada de lutar. Estou a ficar cansada de ser sempre a minha vez de perder.
6 comentários:
Bomboca, a frustração é normal, infelizmente. Não tem sido, de facto, fácil. E quando achamos que é injusto, pior ainda! Mas desistir não...um dia, quem sabe, a sorte calha-te a ti :)
Calma mulher. Nunca desistas! Calma e força!
Como compreendo e concordo. Mas quem nos meteu na cabeça que a luta não era constante e até o último fôlego contou-nos contos de fadas.
Também recebi esta semana uma resposta negativa de um processo de recrutamento que era mesmo importante para mim. Voltaram todos esses sentimentos de revolta e impotência, mas que não podemos deixar que nos envolvam. Ando com dias de grande azar, mas estou a tentar ser o mais optimista possível, porque acredito que pode fazer a diferença. Por muito que custe, temos de tentar pensar positivo. Um dia vai chegar a noss a vez e vamos conseguir!
Lamento muito... uma pessoa fica desmoralizada, eu sei...
Tu queixas-te que não tens sorte no campo profissional... e quem não tem sorte em vários campos??? Se eu pesasse as perdas e os ganhos, ACREDITA que a balança pendia quase toda para o lado das perdas! E se pensasse como tu, eu à muito que tinha desistido de viver!
ÂNIMO!!! FORÇA!!!
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