sexta-feira, 23 de maio de 2014

Coisas que não percebo

Não percebo o motivo pelo qual as pessoas fazem/comem coisas que não gostam.
Pessoas que vão ao ginásio e odeiam. Pessoas que comem as bagas ou sementes ou lá o que é, mas não gostam. Pessoas que bebem aquelas coisas verdes em vez de comer, sendo que odeiam esses sumos.
Etc. Etc. Etc.

Eu só pergunto: para quê?
Há muito tempo que eliminei da minha vida as coisas que fazia/comia e não gostava. Consegui deixar um emprego de que não gostava e que não me fazia feliz, apesar das competências e de outras regalias a ele associadas. Deixei de fazer coisas porque sim. Deixei de estar com pessoas que não me interessam, de ir a jantares que nada me acrescentam, de "cumprir calendário" em ocasiões que não me faziam feliz.

Agora correr anda na moda. Conheço montes de gente que corre. Quase nenhuma gosta. Quando pergunto o motivo pelo qual correm, dizem-me que é porque faz bem e ajuda a perder peso. Ok, eu compreendo que sim, mas não conseguem arranjar uma actividade que gostem e que também proporcione a prática de exercício físico? Eu sempre odiei correr. Não vale a pena, não gosto. Aí há uns tempos, ainda correr não estava na moda, tentei implementar o hábito de me levantar mais cedo durante os dias de semana para ir correr. Andei 4 meses nisso. Não perdi peso que notasse. Notei sim o aumento da minha resistência e capacidade física. Mas notei também que todos os dias, antes de me deitar, eu estava ansiosa porque no dia seguinte de manhã, lá tinha eu de ir cumprir a minha obrigação. Ainda pensei que se conseguisse fazer disso um hábito, ia aprender a gostar. Não se verificou.
Eu não gosto de fazer coisas por obrigação, e estou em crer que praticamente ninguém gosta. Para além daquelas que temos mesmo de fazer, como coisas relacionadas com trabalho e outras obrigações inerentes à vida em sociedade (lembro-me assim muito rapidamente de uma deslocação às finanças ou segurança social), porquê martirizarmo-nos com obrigações que não nos acrescentam felicidade?
Atenção, não estou a falar de casos extremos em que uma pessoa sofre por exemplo de alguma doença e tem de levar a cabo tratamentos, etc.
Falo de situações do dia a dia.
Eu fazia um sem número de coisas que não gostava. Que eram uma obrigação. Até que me libertei dessas obrigações e acreditem, só me fez bem. Passei a ser uma pessoa ainda mais calma e tranquila, e sobretudo mais feliz. Acredito sinceramente que fazer coisas por obrigação não nos faz bem, pelo contrário, desgasta-nos. E isso reflecte-se no modo como vivemos a vida.
Com os devidos limites, claro está, acredito que o ideal seria apenas levarmos a cabo tarefas que nos dessem prazer.
Seríamos todos mais felizes, e por consequência, menos rezingões e menos de mal com a vida.
Vai-se a ver e é esse um dos problemas dos portugueses.

4 comentários:

Karina sem acento disse...

Estou contigo! Eu também não percebo muito bem o porquê das pessoas fazerem, comerem, beberem aquilo que não gostam só porque sim. Bem podem dizer que a manga é um fruto óptimo, maravilhoso, só com benefícios que eu não ponho aquilo na minha boca. Só de pensar nisso, fico com arrepios.
Lembro-me há uns anos ficarem escandalizados comigo por eu dizer que não iria acompanhar o meu marido a um jantar de colegas de curso dele para não apanhar uma grande seca como já sabia, por experiência, que iria apanhar. E não fui, apesar dos comentários "ahh, ele é teu marido, blábláblá". Da mesma maneira que quando tinha jantares com colegas de trabalho, já sabia que iríamos falar de design, coisas de trabalho, e assuntos mais relacionados com estes temas, e eu ia sozinha para ele não apanhar seca.
Correr, corro de vez em quando apesar de não gostar muito, mas por um motivo: de tudo o que é desporto, é dos que menos desgosto e é como vejo maiores resultados.
Já me basta ter de fazer certas coisas que não acho grande piada porque tem mesmo de ser, quanto mais andar a fazer aquilo que não quero só porque sim ou porque é moda.

Maria do Mundo disse...

Foi dos melhores posts que li neste blog. Por causa de não gostar é que nunca me deu para correr. Aliás, exercício, para mim só há um, ou melhor, dois, natação e zumba. São aqueles que me divertem e ponto final. São os que faço quando tenho tempo. Não gosto nada da máxima que andam sempre a colocarpor aí "No pain, no gain"! Porque pode haver ganhos sem sacrifício. Eu nado porque me tranquiliza, ajuda-me a resolver mentalmente problemas da vida. E danço zumba porque adoro dançar. Correr, cycling ou outras coisa: não, obrigada!

Portuguesinha disse...

"Eu também não gosto mas tem de ser!" - parece que estou a ouvir agora, esta resposta que me deram nos anos 90 quando fui frequentar um ginásio.

Eu não gosto de ginásios, mas ao contrário do que se calhar algumas pessoas que os frequentam sentem, gosto de fazer exercício e de me exercitar, em tarefas ou actividades mais interessantes, dinâmicas ou em grupo.

Gosto de ginástica mas não gosto de MALHAR. Dá para entender onde está a diferença?

Fiz um post sobre isso mesmo e nele disse muitas das coisas que tu agora referes (inspirei-te?) só que é um pouco longo acho que ninguém leu eheheh.

Lamento isso de se seguirem MODAS só porque sim. Prefiro pensar e sentir o que EU quero... :D

Portuguesinha disse...

PLz opina ou espreita aqui:
http://gritaportugal.blogspot.pt/2014/05/desporto-ao-ar-livre.html