segunda-feira, 30 de março de 2015

Este país não é para ter filhos

Falaram-me de um subsídio, atribuído pela segurança social, chamado subsídio pré natal. Segundo as palavras de quem me falou em tal subsídio, o mesmo destina-se a "todas as grávidas". Nem acreditando no que ouvia, fui ao site da SS para me informar melhor sobre o dito. Claro... Como só poderia ser, o mesmo subsídio só é destinado a pessoas de parcos rendimentos. O escalão máximo da atribuição do subsídio, destina-se a pessoas que ganhem qualquer coisa como 600 e tal euros brutos, essa fortuna.
Ora, assim sendo, lá se vai a ideia de que o subsídio seria para todas as grávidas.
Compreendo que se dêem mais apoios a quem mais deles necessita. O que não compreendo são os entraves que existem para o resto da população. A verdade verdadinha, é que quem tem poucos rendimentos, tem ao seu dispor vários apoios sociais (ainda que, admito, insuficientes).
Nós, os outros, os remediados, não temos.
Adicionalmente, temos o fenómeno da situação laboral. A minha empresa está a lidar de forma impecável como a minha gravidez. Não tenho absolutamente nada a apontar. Mas, segundo o meu médico, eu já deveria estar em casa há meses. Não estou. Vim agora. Vim agora porque a empresa precisa de mim, eu preciso deles, e tenho uma obrigação para com quem apenas me tem tratado bem.
Por isso fiz o possível e o impossível para aguentar o máximo de tempo sem vir para casa.
Diz-me o meu médico (e com razão, que já comprovei em vários fóruns e grupos de mamãs), que a maior parte das grávidas, cujos empregos são menos exigentes, já estão em casa desde as 20 semanas. Verdade. Mais uma vez, quem tem empregos que exijam menos de si, tem tendência também a dar menos, e não se sacrificar em prol da entidade patronal, o que de certa forma eu entendo.
Sou a última mamã de um grupo de mamãs a que pertenço, a vir para casa. E "só" venho agora porque tem mesmo de ser, caso contrário ainda era menina para trabalhar mesmo até ao fim do tempo (há várias mulheres que trabalham, eu sei, mas eu não posso).
Assim sendo, concluo facilmente que não existem factores externos de apoio para que pessoas como eu tenham filhos. Aquelas pessoas que estão a construir uma carreia, que têm empregos exigentes, que não ganham menos de 600 euros... A verdade é que o custo de eu ter um filho, é muito superior ao custo de alguém que aufere o vencimento mínimo ter um filho. Se quisermos por isto em termos práticos, é assim que funciona.
Acho que nesse papel, o Estado poderia e deveria dar apoios às famílias. Alargar os escalões do tal subsídio, por exemplo (que não sendo uma fortuna, ajuda sempre). Alargar o período de licença parental. Enfim, um sem número de medidas.
O governo acha que nós precisamos é de produtividade. Em prol disso, cortam-se feriados, salários, direitos. Eu acho é que precisamos de crianças e de tempo para as ter. Caso contrário, daqui a nada (se é que já não é...), este país torna-se num deserto.

2 comentários:

Jovem $0nhador@ disse...

Querem ajudar na natalidade do país, mas pelos vistos é só para alguns...enfim algumas das muitas falhas que o nosso sistema tem!

Anónimo disse...

Eu concordo consigo, só fiquei em casa nas últimas 3 semanas de gravidez e com a ameaça que se não ficasse a minha obstetra internava-me.
Não sei o que é receber o bendito subsídio, porque o meu ordenado ultrapassa os 630€ brutos, abono de família, também não sei o que é isso.
Depois, bem depois, vejo algumas mamãs dos colegas do meu filho em carro topo de gama e os filhos com tudo a que têm direito nos escalões máximos e elas sem fazerem a ponta de um chavelho.
Mas lá está, coitadas são mães solteiras (para todos os efeitos, só se esquecem dos maridos que dormem lá em casa, para o que dá jeito) e não têm nada no nome delas e os filhos estão a seu cargo.
É uma grande injustiça, para quem faz as coisas todas direitinhas.