terça-feira, 3 de junho de 2014

Dizer por outras palavras o que eu já aqui disse, que a procissão já passou

Sim, sim, toda a gente sabe que os homens também sofrem muito, e ai deles, tão sujeitos a inúmeras pressões sociais, tal como nós.
Não, mentira. Não tanto como nós.
Por variadíssimas razões, algumas que remontam a séculos de existência, o sexo masculino não tem hoje em dia o mesmo peso e exigência atribuída às mulheres.
Adiante.

Mas aquilo que me tira do sério, e logo eu que sou um bocado nariz empinado e só faço o que quero, é que haja por aí gente que pense, ache, opine, que eu se não quero ser olhada, então que não vista determinada peça de roupa. Arrggghhh. Como posso combater este argumento sem me exaltar?
Pois bem, vou tentar.
Então é assim caríssimos: olhada, já eu sou todos os dias. Só não seria, se usasse uma burka (ou seria, mas com outra conotação). Olhares normais, "elogiosos", com sorrisos genuínos, não me incomodam nadinha. Pelo contrário. Olhares tipo "cola", perversos, incomodativos e intimidantes, esses sim incomodam-me. E não, não é necessário estar com roupa "destapada" para que isso aconteça. Já senti esses olhares (e comentários ofensivos), mesmo estando de fato e camisa. A questão aqui põe-se no sentido em que a minha liberdade termina quando começa a liberdade do outro. Eu devo ser livre para vestir o que quiser, quando quiser. Faço isso. Claro que evidentemente, um decote generoso atrai mais olhares do que uma camisola de fato de treino. Óbvio, qualquer mulher sabe isso. Nem caio na radicalidade de dizer que quem advoga a menor utilização de tais trajes decotados, "pensa" que uma mulher é violada porque estava a "pedi-las". No entanto, eu devo ser livre de andar de camisola de fato de treino ou de decote, sem ter olhares "nojentos" na minha direcção. Sem ter comentários desagradáveis, atentados à minha intimidade e privacidade. Comentários que já expus aqui, de natureza muito simpática e nada humilhante como "comia-te a cona toda" (desculpem novamente a linguagem). Não, eu não tenho de ouvir isto. Não, as bestas que proferem estas imbecilidades, não têm o direito de dizer-me isto. Não têm o direito de me intimidar (apesar de admitir que não me intimido facilmente, mas nem toda a gente é assim). Não.
E isso não se faz com leis. Faz-se com mudança de mentalidades.
E a mudança de mentalidades vai muito para além da utilização de um decote ou de uma mini saia.


P.S.- Não, não é preciso ser feminista para pensar assim. Nem mal fodida. Nem feia. Nem gorda. Nem coisa nenhuma. Só é preciso ter dois dedos de testa. 

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