sábado, 20 de julho de 2013

Análise custo benefício

Os economistas adoram análises custo benefício. Servem para quase tudo, é como a aspirina. Basicamente consiste em avaliar um determinado projecto ou actividade colocando todos os custos inerentes ao mesmo, e todos os proveitos, expressos em valores monetários presentes, de forma a apurar o custo ou benefício económico líquido. Se os benefícios suplantarem os custos, devemos desenvolver o projecto, caso contrário, não. Esta análise é um dos pilares fundamentais da teoria económica, e essencial em análise de investimentos.
Acontece que aí há uns tempos, eu desenvolvi uma análise custo benefício tendo em conta a informação disponível e achei que desenvolver determinada actividade me iria trazer um benefício líquido. Acontece que dez meses depois vejo que para já só tive prejuízos, e o lucro não se avizinha. Confesso que no início fui um pouco inocente e acreditei que determinado projecto tinha pernas para andar, os sonhos também eram muitos. E fui-me deixando levar por promessas vãs, mesmo que essas tenham sido feitas com honestidade, a verdade é que nunca poderiam ser cumpridas porque simplesmente não havia bases para isso. Os recursos e o talento eram manifestamente insuficientes. E hoje decidi por um ponto final. Um ponto final numa situação em que eu já sabia o seu desfecho, mas fui adiando, iludindo-me... Até que decidi que não dava mais. Não podia continuar com enganos sobre um projecto que não tem pernas nem capacidade para andar.
E foi como uma espécie de libertação. Sim, porque a outra parte cobrava, cobrava, desviava as culpas para o meu lado (quando não era minimamente o caso), exigia-me mundos e fundos sem nada dar em troca. E eu não sou masoquista. E portanto acordei. E decidi.
E sabe mesmo bem, digo-vos.
O que há a retirar desta situação, e o que vos queria passar, é que é às vezes enganamo-nos nas nossas análises custo benefício. Às vezes empolamos os benefícios e desviamos o olhar dos custos. Por várias razões, ou porque queremos mesmo realizar aquela tarefa, ou porque estamos a ser pressionados, ou porque gostamos de alguém... Enfim, etc. O importante é saber reconhecer que nos enganámos. Ou porque avaliámos mal o projecto desde o início, ou porque as condições entretanto se alteraram. E feita essa nova avaliação, importa sabermos afastar do que nos faz mal, dos activos tóxicos, como lhes chamam os bancos, das coisas que fazemos por fazer e não retiramos lucro líquido.
E acreditem, quando o fazem, é uma sensação de liberdade impagável.

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