segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Marianinha, chega cá ao pé de mim que eu ajudo-te

Tiraste mesmo o curso de Economia, ou foi a tua irmã gémea que foi fazer os exames por ti, ora diz lá?
Engataste o professor? Não me mintas Marianinha!
Não estou aqui para te julgar, estou aqui para te ajudar. Há muita gente que te critica, ou mesmo insulta. Esse não é o meu propósito. Eu não acredito que devamos insultar alguém por não saber resolver equações diferenciais, por exemplo. Se a pessoa não sabe, também não é correcto insultar essa pessoa. O nosso dever é explicar-lhe as coisas, ou, no mínimo, fazer-lhe ver as suas carências de ordem intelectual. Nunca menosprezar. É feio.
Posto isto Marianinha, serve o presente post para te ajudar a ver a luz. Já percebemos que ciência económica não é o teu forte. Discursos motivacionais também não, mas não serão esses o objecto da minha explicação.
Ora, tu dizes que não podemos ter vergonha de ir tirar dinheiro aos ricos. Em primeiro lugar, posso dizer-te que o Vale e Azevedo também não tinha vergonha nenhuma de o fazer, inclusivamente a clubes que já na altura não eram ricos, e acabou por ir parar à prisão. Até o tio Ricardo Salgado, está com uma pulseirinha... Entendes o que quero dizer? Sim, é crime. Roubo.
Mas tu queres fazê-lo pela via institucional, queres por o roubo na lei, não é? Percebo. Nesse aspecto foste mais inteligente do que aqueles dois.

Sendo assim, a explicação necessita de ter outro foco. Primeiro, tenho de te explicar o conceito de poupança: poupança é o remanescente monetário com que um indivíduo fica, após as deduções de impostos e consumo, ao seu rendimento. Temos ainda que o consumo já é tributado, ou seja, o indivíduo recebe um salário, ao qual deve retirar os respectivos impostos, sendo que tudo o que consumir com esse salário, também terá incidência de imposto (salvo as raras excepções das isenções de IVA previstas no código). Ora, a poupança, dizia eu, é o que sobra. Portanto, a parte do rendimento do indivíduo que também já foi tributada.
Percebes agora quando eu digo que o imposto que tu e os teus camaradas querem criar, é um imposto de dupla tributação?
Adiante.
Tu também dizes que vocês querem reduzir as desigualdades em Portugal. O problema, Marianinha, é que tu e os teus compinchas, querem nivelar tudo por baixo. Se não podem ser todos ricos, então serão todos pobres. Mais ou menos isto, não é?
Acontece Marianinha, que não há bem estar social (que é medido pelo teu desconhecido IDH- Índice de Desenvolvimento Humano), sem crescimento económico. Eu bem sei que a palavra crescimento te assusta se não estiver ligada com impostos, eu compreendo, são conceitos muito assustadores, mas imagina tu que até há uma cadeira na faculdade, que se chama precisamente crescimento económico. É de revirar o estômago.
Dizia-te eu, que sem crescimento económico, não existe rendimento para se redistribuir. A melhor maneira de se acabar com os pobres e com a desigualdade, é através do crescimento sustentado de uma economia, libertando-a das suas atrofias. Livrando-a do assustador mecanismo estatal. Libertando as suas amarras.
Como é que se consegue crescimento económico, perguntas tu? Lembras-te do conceito de poupança que te expliquei há pouco? Pois é... A poupança é um dos mecanismos do crescimento, pois sem ela (individual ou estatal), não existe investimento (privado ou público), e portanto, não é possível investir no que se acredita que é o grande motor do crescimento das economias, que é o capital humano.
Adicionalmente, temos a questão do excesso de tributação numa economia. Sabes, Marianinha, em todas as economias existe um tecto máximo de tributação que as mesmas estão disponíveis para acomodar, e, segundo estudos da OCDE, a economia portuguesa é uma das que mais tributação tem.
Portanto, é convicção de muitos analistas, que já ultrapassámos esse tecto, e o que acontece com a introdução de mais tributação, é que a economia passa a ser ainda menos eficiente, e a tributação não dará origem a mais receita. Ainda não te passou pela cabeça que os mais ricos conseguirão fugir a este imposto? Não percebes que grande parte dos riquíssimos, a cujo dinheiro queres deitar a mão, estão protegidos de sangue sugas como tu e o teu pai? Quem sobra? Nós, os que não podem fugir. Aqueles que tu achas que são ricos mas na verdade não são. A classe média que queres ajudar a exterminar.
Além disso Marianinha, se deres os sinais errados para os mercados, para as pessoas e para as empresas, sabes o que vai acontecer aos investimentos? Pois é, vão diminuir. Já estão a diminuir. As nossas exportações já não estão a crescer ao mesmo ritmo...

Eu penso que já te dei uma ajudinha para começar a perceber o que é isto de economia, crescimento, etc. Posso continuar a ajudar-te, mas aí as aulas já serão pagas, que eu não cresci numa herdade no Alentejo. Vai pela sombra Marianinha. Não tens de agradecer, sempre às ordens.

1 comentário:

Anónimo disse...

Já tinha saudades de a ler :)