Em toda a minha vida entendi que algumas pessoas, por motivos óbvios e relacionados com a sua condição, necessitavam de um pouco mais de atenção e respeito, no que se refere à cedência de vez e de lugar nas várias dinâmicas da vida em sociedade.
Para mim não faz sentido não ceder o lugar a uma pessoa idosa, "apenas" porque eu não estou sentada nos lugares de cedência obrigatória. Parece-me claro como água. Tal como não me importo, quando uma pessoa me pede para passar à frente na fila do supermercado, tendo eu um carrinho cheio, e essa pessoa apenas um ou dois artigos, de a deixar passar. Não me custa nada e acredito que poderei estar a contribuir para que a outra pessoa fique mais confortável na sua existência em sociedade.
Isto para mim parecem-me valores básicos.
Infelizmente, nem toda a gente vê as coisas da mesma forma.
Claro que já tinha reparado nestas indelicadezas e faltas de civismo antes, mas agora, dada a minha condição e a minha barriga que já não engana ninguém, tudo me parece mais claro.
Fico parva quando vou para uma fila prioritária, e ao pedir para passar à frente (normalmente faço-o quando levo 2 ou 3 coisas e não um carro cheio de compras), algumas pessoas me olham com desagrado e cara de frete, sendo que já cheguei a ter chatices com algumas. Aquilo que para mim é automático com qualquer pessoa, grávida ou não, para algumas pessoas chega quase a ser um insulto. Já tive de instruir pessoas a ler os cartazes da fila do supermercado em que se encontravam, e de explicar o significado de "prioridade".
Não gosto de ser grosseira, mas a verdade é que todas estas chatices ocorreram com pessoas cuja idade ultrapassava os 55 anos. Quero acreditar que as gerações mais novas têm outro ponto de vista sobre o assunto.
Outra coisa que me choca são os transportes públicos. Felizmente, agora não tenho muita necessidade de andar de transportes públicos, mas posso dizer-vos que na passagem de ano, com os metros atolados de gente, eu vi pessoas a não cederem o seu lugar a mulheres que transportavam crianças de colo. É verdade. Eu nem falo de mim. Falo de casos mais gritantes, como uma senhora que transportava um bebé (se aquela noite era a mais adequada para se sair com um bebé pequenino, é outra discussão...), e que passou a viagem inteira de pé, ao meu lado, trocando olhares comigo, porque ninguém lhe cedia lugar. Nem a ela, nem a mim.
Enfim.
Grassa na nossa sociedade uma falta de civismo gritante. As pessoas estão sempre muito preocupadas com o seu umbigo, com o seu mundinho, não querendo saber se poluir o chão vai afectar todos nós, ou se não ceder o lugar a uma mulher grávida não é quase uma "obrigação".
O civismo não se ensina numa sala de aula. Mas começo a pensar que não fazia mal nenhum às criancinhas, terem aulas de etiqueta e convivência em sociedade. Poderia ser que algumas quebrassem o ciclo vicioso da má educação e não se comportassem de acordo com os exemplos negativos de alguns dos seus pais.
1 comentário:
estive para fazer um post - mais um, sobre esse assunto no meu blogue Autocarros da carris - o blogue que diz. Porque infelizmente continuo a ter de me deslocar de transportes para todo o lado e o que se observa no dia a dia é muitas vezes lamentável.
Nos supermercados não sei porque os evito e mais ainda as filas. Mas sei de casos de pessoas que "abusam" do direito da prioridade ou levam crianças propositadamente para passarem na fila. Daí estes terem procurado solucionar a questão para agradar a todos, criando umas caixas somente para as pessoas prioritárias. Assim todas têm de aguardar a sua vez :D
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