Eu não tenho um feitio muito fácil, admito. Detesto perder. Seja a valer, seja a feijões. No entanto, esforço-me por transparecer o menos possível, e tento ser cordial na vitória e na derrota. Sobretudo e principalmente no campo profissional. No meu ex ex emprego, existiam pessoas que, a meu ver, não sabiam estar nos dois lados da barricada. Nem eram bons perdedores, nem bons vencedores.
Este ano, iriam existir promoções nessa empresa. Em princípio, eu iria ser das pessoas a ser promovida, não fosse o facto de ter saído para o pior emprego que tive na vida, mas que na altura me venderam como sendo a coisa mais incrível de sempre. Ora, dizia eu que sempre existiram as tais promoções, mas existiam 5 lugares para 8 pessoas. Ou seja, alguém teve, necessariamente, de ficar de fora.
Uma das pessoas que ficou de fora é uma pessoa com a qual realmente não simpatizo, é das tais que não sabe ganhar nem perder. Sei que não é má a nível profissional, mas em termos de carácter deixa algo a desejar. Disse-me uma das pessoas que foi promovida, que essa pessoa, em vez de lhe dar os parabéns como todas as outras o fizeram, disse-lhe que não merecia a promoção, e que esperava que lhe corresse mal. Achei de uma infelicidade atroz.
Podem existir rivalidades, claro que sim, desde que saudáveis. Pode existir um clima desejado de exigência e de luta por promoções. Tudo isso é desejável. Somos todos adultos e temos de perceber que estamos num mundo extremamente competitivo, e que nem sempre existe justiça nas promoções, que muitas vezes todos mereciam ser promovidos, mas a meu ver, esta atitude denota mais uma vez falha de carácter.
Eu repito: Eu não gosto de perder. Iria ficar muito aborrecida se ainda estivesse na tal empresa e não fosse promovida. Mas daí a desejar insucesso profissional aos meus colegas que ainda por cima são bons profissionais, isso nunca.
Espanta-me como algumas pessoas conseguem subverter completamente os valores que deveriam ser-nos comuns.
2 comentários:
Ninguém gosta de perder, mas eu - como perdi tanta coisa na vida - aprendi a saber perder. No entanto nunca invejei nem desejei mal a ninguém - é uma questão de educação.
O meu dia no emprego hoje define-se por essa tua constatação final: subversão de valores.
Mas quanto ao teu relato fiquei dividida. Não conhecendo as pessoas em questão, fiquei a pensar se não seria o caso dessa pessoa ter sido franca e honesta ao invés de falsa. Isso não é necessariamente mau caracter, pode até ser bom. Mas também, uma vez existiu um político que se recusou, no final de uma entrevista televisiva a cumprimentar com um aperto de mãos o rival. Na altura disseram que era mal educado e eu pensei: "se calhar é franco e honesto, ao invés de dissimulado". E agora, por outras circunstâncias, considero que tem um carácter abominável.
Portanto que sei eu? Sou boa quando as pessoas são de carne e osso e estão à minha frente mas assim de "ouvir falar" o meu bom senso impulsiona-me para procurar ver o "outro lado", a outra versão. Ah, e eu não tenho problemas nem com o ganhar, nem com o perder. Nenhum dos dois está no pensamento, apenas quero fazer bem e desafio-me a mim mesma a fazer melhor. Não rivalizo com ninguém. Não entro em competições e não sou ambiciosa. Sou zelosa com o que faço. E reservada. Tudo isto por vezes é interpretado com maldade e distorcido negativamente. E por isso sei bem o que é subversão de valores. Acontece tanto que começo a achar que ter os valores no lugar é uma coisa invulgar.
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